Câmbio: aliado ou vilão dos seus investimentos?

Em algumas publicações anteriores começamos a apresentar como é importante a diversificação dos investimentos no exterior. Algumas das maneiras de conseguirmos diversificar é por meio da renda fixa ou das commodities. Nesta publicação vamos conversar um pouco sobre como o câmbio é importante quando realizamos nossos investimentos.

Um pouco de história

A taxa de câmbio é a relação de troca entre o valor duas moedas. Quando dizemos que o câmbio do dólar foi 5 reais, como em 9 de maio de 2023, isso significa que precisamos de 5 reais para comprar 1 dólar.

Ao longo do tempo a referência para as trocas entre moedas mudou. Durante séculos a referência foi o ouro e cada moeda tinha sua referência em determinado peso em ouro, o chamado padrão ouro.

Posteriormente, com a supremacia do Império Britânico a libra esterlina tomou o protagonismo. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos assumiram o posto de maior economia e o dólar se tornou a moeda de referência.

A partir de então, as diversas moedas passaram a usar o dólar como referência. Desde os anos 70 as moedas deixaram de ter relação com seu peso em ouro. Em outras palavras, as taxas de câmbio seguem o padrão dólar.

Como as taxas de câmbio são definidas

Na maioria dos países a taxa de câmbio é livre e é definida pelas forças de oferta e demanda. Quando a oferta de moeda estrangeira é maior, a taxa de câmbio cai e a moeda local se valoriza. Na situação contrária, em que a demanda é mais forte, o câmbio sobe e a moeda local se desvaloriza.

Como o dólar é o padrão de negociação, a taxa de câmbio entre duas moedas de países diferentes é definida pelo câmbio de cada moeda em relação ao dólar. Isso traz a vantagem de que preços internacionais sejam fornecidos em dólar facilitando as transações, como o preço de uma passagem aérea internacional. Por outro lado, torna-se necessário para que uma pessoa, uma empresa ou um país tenha dólares para fechar negócios.

Algumas moedas além do dólar são importantes nos mercados internacionais de câmbio. A relação entre um grupo de seis moedas fortes de países desenvolvidos é registrada pelo índice US Dollar Index (DXY), mantido pela bolsa de futuros Intercontinental Exchange (ICE) desde 1973. A composição do índice e a sua flutuação são apresentadas nos gráficos abaixo.

Outras moedas relevantes são as de países com relevância no comércio internacional. Dentre elas, encontramos países desenvolvidos como a Austrália e o seu dólar, assim como encontramos moedas de países emergentes como o yuan chinês, o peso mexicano ou o rand sul-africano.

O Brasil no cenário cambial global

Embora o Brasil represente mais de 2% da economia global, a participação do real no mercado cambial foi de apenas 0,5% em 2021, segundo dados do Fundo Monetário Internacional. Um motivo para a baixa relevância do real é a economia do Brasil ser fechada comparada países semelhantes, apesar de se destacar na exportação de algumas commodities.

Outro motivo se deve ao fato do real não ser uma moeda conversível. Em termos práticos, devido a restrições legais sobre o câmbio não podemos utilizar livremente moedas estrangeiras no Brasil, dificultando em contrapartida a liquidez e a negociação do real em outros países.

Ainda assim, o real possui um certo grau de internacionalização e é negociado como moeda regional de facto nos países vizinhos na América do Sul. Em alguns países de outros continentes é possível fazer o câmbio do real, mas pela sua baixa liquidez a cotação sofre grande deságio.

Se por um lado o real e o Brasil apresentam baixa liquidez e abertura comercial, por outro o real é uma moeda considerada de alta volatilidade, mesmo quando comparada com moedas de outros países emergentes. Esse fenômeno, conhecido como moeda de beta alto, pode ser explicado também por fatores internacionais, como os ciclos econômicos, ou por fatores locais, como os gastos públicos.

A relação entre o câmbio e os investimentos

Uma discussão é se devemos ter exposição ao câmbio nas nossas carteiras. Uma corrente argumenta que se os recursos dessa carteira serão consumidos dentro do Brasil não seria necessário ter o câmbio presente, eliminando sua volatilidade dela.

Outro grupo defende que o câmbio não só é desejado como é importante fazer parte de qualquer carteira. Apesar do câmbio flutuar, sua presença aumenta a diversificação e diminui o risco como um todo da carteira de investimentos, especialmente em momentos de crise.

Antes do advento das plataformas de investimento, a maneira mais comum de se investir em câmbio era comprar diretamente moeda estrangeira em casas de câmbio. Essa modalidade deu lugar para os fundos cambiais, que negociam dólares ou outras moedas, uma opção simples e com alta liquidez.

Uma alternativa que vem se popularizando são as contas em moedas estrangeiras no exterior. Elas aliam a praticidade de uma conta corrente com um cartão de débito à facilidade de realizar o câmbio entre moedas ao alcance de um depósito e alguns cliques.

Ainda dentro do mercado brasileiro, operações com maiores valores de câmbio são realizadas operando contratos futuros, os famosos índice (DOL) e mini-índice (WDO) de dólar, e contratos a termo, conhecidos pela sigla NDF (Non-Deliverable Forward). Essas operações são modalidades sofisticadas de derivativos e costumam serem restritas a empresas como estratégia de proteção (hedge) ou investidores profissionais como proteção ou busca de ganhos.

No exterior, além das operações existem os mercados de Forex, sigla de FOReign EXchange. Nesses mercados são realizadas operações em pares conjuntos de compra de uma moeda contra a venda de outra na expectativa de gerar ganho prevendo a direção dessa operação. Como esse mercado não tem registro no Brasil, não existe regulamentação e nem supervisão que garanta a segurança para o investidor brasileiro.

O câmbio e os seus investimentos

Nesta postagem vimos como o câmbio é formado e ele é relevante para mover as engrenagens da economia global e impacta uma carteira de investimentos. Mesmo os investimentos mais simples e sem a presença do câmbio são afetados por ele.

Em momentos de crise, é comum os juros subirem para impedir a desvalorização do real, aumentando o rendimento da poupança e diminuindo a atratividade da bolsa de valores, por exemplo.

No nosso dia a dia podemos não sentir diretamente a importância do câmbio nas nossas vidas. Ele está presente no preço de produtos negociados no exterior ou nos serviços que precisam de insumos importados.

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